
30 maio Biossegurança em estética
POR MARCIA MORENO Trata-se de um assunto muito importante, mas que infelizmente ainda é desconhecido para alguns profissionais. A biossegurança em estética requer atenção e consciência para ações de prevenção de doenças no ambiente de trabalho. Diante de uma realidade onde o mercado de clínicas de estética e os salões de beleza não para de crescer, devemos redobrar a atenção e cuidado neste sentido. De acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o Brasil é o terceiro maior mercado de beleza, atrás apenas dos Estados Unidos e Japão. O significado etimológico da palavra Biossegurança é Vida e Segurança. A Biossegurança em Estética consiste em ações voltadas a prevenção de doenças neste ambiente de trabalho. Na relação entre profissional e cliente existem riscos, pela proximidade e contato físico que muitas vezes são necessários para os tratamentos – como a limpeza de pele. De acordo com normas da Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, os profissionais que atuam na área de estética e beleza devem fazer uso de equipamentos de proteção individual durante procedimentos de: manicure, pedicure, podologia, depilação, limpeza de pele, corte de cabelo, retirada de barba, aplicação de produtos químicos pois ficam expostos a patógenos causadores de doenças, entre elas, hepatite B e C, herpes, gripe, tuberculose, micoses, AIDS e também a produtos que exalam odores tóxicos e que podem causar doenças.
NORMAS E CUIDADOS NO LOCAL DE TRABALHO
A limpeza e desinfecção do ambiente devem ser diárias, alternando os produtos utilizados para que os microrganismos não se proliferem e desenvolvam resistência. Cada estabelecimento de beleza deve elaborar e implantar seu próprio plano de limpeza e desinfecção do ambiente, adequando os processos e produtos químicos de sua realidade (ver quadro abaixo de limpeza dos materiais). Infelizmente, muitas vezes, o profissional de beleza está tão sobrecarregado ou desconhece as normas de higiene, que não faz medidas básicas, como limpar o ambiente de trabalho, fazer esterilização dos instrumentos, utilizar descartáveis e fazer a higienização das mãos. Todo estabelecimento deve respeitar e se adequar à legislação sanitária vigente. De acordo com o decreto no 23.915 da COVISA (Vigilância Sanitária Municipal), os profissionais de beleza deve seguir as seguintes normas sanitárias:
- Possuir paredes e pisos lisos e impermeáveis para não acumular microorganismos, poeira ou resquícios de secreções;
- Deve ter: lixeira de pedal com saco plástico para descarte de material contaminado, lavatório com sabonete líquido e papel toalha.
- Maca com superfície lisa ou lavável, forrada de lençol TNT ou papel branco (resistente). Todos descartáveis devem ser trocados a cada cliente.
- Mesa auxiliar (carrinho) com superfície lisa e lavável, para acomodar bandeja forrada com papel toalha para os materiais de uso;
- Touca e faixas devem ser descartáveis;
- Utilizar instrumentos esterilizados ou descartáveis.
Na cabine de estética ou na clínica, a esteticista deve estar atenta para higienização de materiais.
CUIDADOS COM TOALHAS E LENÇÓIS DE TECIDO
As toalhas e lençóis de tecido devem estar limpas, podendo ser lavadas em lavanderia ou de forma doméstica, com água e sabão. Na primeira lavagem, deve-se deixar por 10 minutos em solução com água sanitária na proporção de 200 ml para 20 L de água ou realizar a última lavagem em ácido peracético a 0,03% e passadas a ferro quente. Ao serem guardados, as toalhas e lençóis de tecido devem ficar de forma organizada em local limpo, seco e arejado (o ideal é embalar individualmente em saco plástico e selar).
ANTES DOS TRATAMENTOS, O PROFISSIONAL DEVE:
- Encapar as abas do carrinho de auxílio e lupa com filme plástico. Estes devem ser trocados a cada cliente.
- Lavar as próprias mãos adequadamente antes de atender o cliente.
- Fazer anti-sepsia das mãos do cliente antes do procedimento para evitar infecções.
- Quando for necessário o uso de luvas, usar as descartáveis e retirá-las somente quando concluir o serviço.
ATENÇÃO: Para cada cliente, as toalhas e lençóis devem ser de uso exclusivo para aquela pessoa durante o atendimento. Não pode usar a mesma toalha ou o mesmo lençol em dois clientes. Ao final do atendimento o profissional deve lavar as mãos e jogar no lixo os materiais descartáveis ou de uso único (como a espátula descartável). No caso do uso de agulhas, utilizadas em limpeza de pele, as mesmas devem ser descartadas em caixa Descarpack.
- Antes de atender novo cliente, a esteticista deve realizar assepsia dos equipamentos e acessórios, conforme orientação do fabricante.
- Para instrumentos que tenham contato com sangue ou secreções como cureta ou pinça, é preciso fazer a descontaminação por esterilização.
- Lavar e desinfetar as cubetas e outros itens reutilizáveis.
PROTEÇÃO INDIVIDUAL DO PROFISSIONAL
As medidas de segurança vão desde o uso de luvas – fundamental caso haja contato com sangue, fluídos corpóreos, pele não íntegra e também para manuseios de materiais ou superfícies sujas com sangue e fluídos, independente do diagnóstico do cliente (ANVISA, 2000); além de óculos, avental, touca e principalmente a higiene das mãos. Um ambiente limpo e organizado, mesmo em instalações físicas simples, proporciona o bem estar tanto para o cliente quanto para a equipe de trabalho. Alguns equipamentos de Proteção Individual são imprescindíveis para prevenção de contaminação por microrganismos:
- luvas descartáveis (devem ser retiradas após a conclusão de serviço)
- máscara descartável
- touca descartável
- jaleco de tecido resistente.
HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS
A higienização das mãos é a medida individual mais simples para prevenir a propagação de infecções relacionadas à saúde. Antes chamada de “lavagem das mãos”, foi substituída pelo termo “higienização” por ser mais abrangente. Trata-se do ato de higienizar as mãos com água e sabão, visando a remoção de bactérias transitórias ou residentes, como também células escamativas, pelo suor, sujidade e oleosidade da pele (APEHIC, 2003) Esta prática evita transmissão de doenças e possíveis patógenos. De acordo com o Manual Higienização das Mãos em Serviços de Saúde da ANVISA, publicado em 2007, as mãos constituem a principal via de transmissão de microorganismos durante a assistência prestada aos pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos microorganismos, que podem se transferir de uma superfície a outra, por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto, através de contato com objetos e superfícies contaminados. Higienizar as mãos previne e reduz infecções causadas pelas transmissões cruzadas. As técnicas de higienização das mãos podem variar, dependendo do objetivo ao qual se destinam.
PASSO A PASSO DE COMO HIGIENIZAR CORRETAMENTE AS MÃOS
O profissional deve retirar anéis, pulseiras e relógio, pois sob tais objetos podem acumular-se microorganismos. A finalidade da higienização simples das mãos é remover os microorganismos que colonizam as camadas superficiais da pele e retirar a sujidade propícia à permanências e proliferação destes microorganismos. O procedimento deve ter duração de 40 a 60 segundos. Algumas ações são importantes: no caso de contato com as torneiras, o contato manual para fechamento deve ser realizado com papel toalha. O local necessita ter papel toalha – pois o uso coletivo de toalhas de tecido é contra-indicado pois permanecem úmidas, favorecendo a proliferação bacteriana. E deve-se evitar água muito quente ou muito fria para prevenir o ressecamento da pele.
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